sábado, 29 de dezembro de 2007

Scorsese a la Hitchcock ou Hitchcock a la Scorsese?

O ano não poderia acabar por aqui sem uma diversãozinha cinematográfica. Para ficar no tema das referências, vejam quantas vocês encontram nesse vídeo aqui. Martin Scorsese, em uma versão Woody Allen dele mesmo, dirige um supostamente nunca filmado roteiro de Hitchcock. O curta foi feito para a espumante catalã Freixenet. E o final certamente merece o brinde de ano novo das garotas cinematográficas. Para 2008, fica o desejo de muitos diálogos inteligentes e cenas de ação impressionantes pra todo mundo que passou por aqui ao longo deste ano e que, espero, voltará a nos ler no que está prestes a começar.

domingo, 23 de dezembro de 2007

Ele só queria voar



Em O Sobrevivente, Werner Herzog, como um bom “macaco velho” do cinema, não decepciona e faz um filme que brilha. A história real de Dieter Dengler alemão/norte-americano que queria voar e cai nas terras inimigas após um vôo de ataque. É capturado pelos vietnamitas, torturado e colocado numa reclusão com outros já resignados com a prisão. Mas ele não se contenta e resolve fugir. Uma fuga minuciosa e cheia de contratempos. Apenas ele e um colega seguem. E apenas ele é resgatado.

Pouco original a questão da sobrevivência na selva, comer minhocas, o cenário da Guerra do Vietnã, tortura ... mas o filme é ótimo. A entrega dos atores é incrível. Especialmente Christian Bale e Steve Zahn. É emocionante. Tu sentes a dor, a angústia. Bale nem usa dublês. É puxado por uma vaca, fica quase submerso em um poço apertado.

O filme é posterior ao documentário do próprio Herzog, “O Pequeno Dieter Precisa Voar”, baseado em declarações de amigos de Dengler, há 10 anos.


quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Arquivo X do cinema?


Cada vez que assisto qualquer coisa dirigida pelo Krzysztof Kieslowski fico mais impressionada com a qualidade do que vejo. No domingo, revi A Liberdade é Azul. E fiz uma descoberta, devidamente comprovada ontem, quando vi A Igualdade é Branca.

Só pra contextualizar, os dois filmes fazem parte da Trilogia das Cores. Não precisa fazer um esforço muito grande pra adivinhar que o nome do terceiro filme é A Fraternidade é Vermelha. (Aliás, odeio os títulos em português. São inventados. Os originais são Rouge, Blanc e Bleu. Pronto, desabafei.)

Voltando à minha "descoberta": há uma cena em cada um dos filmes na qual os personagens se misturam. Não, eles não estabelecem nenhum contato, mas estão lá. Durante a audiência do divórcio em Blanc, a personagem de Juliette Binoche em Bleu está procurando uma pessoa no tribunal. Ela abre a porta da sala e é expulsa por um policial.

É simples e rápido demais, mas gosto desse tipo de brincadeira cinematográfica. Piro toda vez que vejo De Volta para o Futuro 2 e 3 por isso. Filmados simultaneamente, há cenas em que dois Marty McFly quase se encontram, e cada uma mostra o ponto de vista diferente, já que cada um deles faz parte de um filme. Robert Zemeckis = gênio. Sem contar Uma Cilada para Roger Rabbit, mas aí é assunto pra outro post.

O fato é que a Trilogia das Cores cresceu demais no meu conceito. Só não encontrei nenhuma ligação com o Rouge, apesar de desconfiar que, sim, ela existe. Se alguém souber, por favor, me avise.


***Pré-texto***


eu: e tem coisas valiosas?
vc vai ver: agora vão roubar vários museus...
é sempre assim: crime tem modinha tb
vc já viu todos os filmes da trilogia das cores?
Leticia: sim
o mais valioso é o di cavalcanti
sim
por que?
eu: e vc já reparou que o branco e o azul tem uma cena em comum?
Leticia: baaaaahhhh
não me dei conta
mas acho que vi com diferença de um ano cada filme
ou mais
eu: pois é... já vi várias vezes e só me dei conta essa semana...
fou escrever um post
Leticia: escreva
garotas cinematográficas desvendando os segredos da sétima arte
eu: hahahahahahaha
Leticia: arquivo x do cinema, praticamente
eu: pior que procurei alguma coisa do vermelho, mas não achei
Leticia: ptz
se eu tivesse DVD
ou os DVDs
te ajudaria na busca
adoro essas coisas
hahahaha
eu: eu até tenho, mas não achei mesmo
vou pedir ajuda dos leitores...
de repente alguém resolve comentar
hahahahaha
Leticia: hahahahahaah
boa idéia

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Aprendendo...




Workshop de Direção de Fotografia para Cinema
Com Alziro Barbosa
De 10 a 15 de dezembro - São Paulo - SP




Eu fiz :)

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Brilho eterno de uma mente com lembranças



Algumas vezes, queremos esquecer o passado, deixar tudo pra trás e começar do zero. Na maioria das vezes, não conseguimos. Em outras situações, queremos agarrar as lembranças com as duas mãos para recordar cada detalhe, cada palavra, cada suspiro. Mas elas escorregam e acabam por desaparecer.


O Passado, último filme do argentino naturalizado brasileiro Hector Babenco, retrata esse paradoxo levado ao extremo por duas situações: o tradutor Rímini (Gael García Bernal, lindo sempre) é atormentado pela ex-mulher psicopata, com quem viveu por 12 anos. Ao mesmo tempo em que luta para se desvencilhar desse "passado", ele é acometido pelo mal de Alzheimer e começa a esquecer coisas importantes como o francês e as feições de sua mãe.


Rímini procura refazer a vida após o divórcio, mas Sofía (Analía Couceyro) se transforma em uma espécie de onipresença atormentadora. Entre uma mulher e outra, lá está ela, sempre louca. Como bem escreveu Alexander Pope, "Feliz é a inocente vestal; esquecendo o mundo e sendo por ele esquecida. Brilho eterno de uma mente sem lembranças"...


O filme é uma adaptação do livro homônimo do argentino Alan Pauls. Não li, nem li nada desse autor. Mas o longa traz um quê de Julio Cortazar. Situações comuns, banais, vão se tornando absurdas progressivamente até que se tornem insustentáveis. O maior exemplo disso é a seqüência em que Sofía vai conhecer o filho de Rímini com sua terceira mulher. Uma conversa no parque se transforma em uma sucessão de acontecimentos asfixiantes. Mas há outros, como a cena que conta com a participação de Paulo Autran (última no cinema antes de morrer) ou a inauguração da "ONG" de Sofía.


García Bernal acerta ao apostar no silêncio para transmitir a angústia e as confusões do personagem. Em Viagem a Darjeeling, de Wes Anderson, a personagem de Jessica Houston diz em determinado momento do filme que "poderíamos nos expressar melhor se pudéssemos dizer tudo sem palavras". García Bernal faz isso como ninguém.


Um recurso muito bem utilizado por Babenco é o sexo. Cada mulher que atravessa o caminho de Rímini é presenteada pelo diretor com uma cena de sexo. E essa cena, que pode durar segundos, diz mais sobre o relacionamento do que qualquer outra do filme.


O único porém é a produção durar mais do que o necessário. Em dado momento, parece que já conhecemos o ciclo da vida de Rímini. Mas o final... Acaba no momento perfeito. Redondinho. Esse é aquele tipo de filme que quanto mais pensamos, melhor se torna. Assim como aquelas lembranças que não desejamos esquecer.


PS: lamentável a cena em São Paulo. Buenos Aires sempre linda X camelôs em Sampa. Injusto.

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

domingo, 18 de novembro de 2007

Tim Burton no País das Maravilhas


Que boa notícia! Tim Burton, o mestre da bizarrice, fechou contrato com a Disney pra produzir uma animação de... Alice no País das Maravilhas!

Dá pra imaginar o alucinógeno que vai ser o tal do desenho? Se Burton fez o que fez com A Fantástica Fábrica de Chocolate, só nos resta esperar ansiosamente pela versão em 3D da história de Lewis Carroll. Já estou roendo os dedos de vontade!

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

MSN 1

©amila diz:
muito ocupadas?
Gabi diz:
aham
Gabi diz:
mas vão falando e quando der eu respondo
©amila diz:
deixa
©amila diz:
era pra ver se rolava algo sobre algum filme
Gabi diz:
ah no way
Leticia diz:
ah
Gabi diz:
sabe quem nos le em portugal?
Leticia diz:
tô aqui
Gabi diz:
ana pan!
©amila diz:
aeee
©amila diz:
vcs viram a foto dela com o ALMODOVAR?
Gabi diz:
ahammmmmm
Leticia diz:
hein?
Gabi diz:
incríveeeeeeeeel
Leticia diz:
que foto, por dios?
©amila diz:
perai
©amila diz:
essa: www.flickr.com/photos/papel_quimico/1946779055
Leticia diz:
quem é ela?
Gabi diz:
a ana, do queb
Gabi diz:
vc conheceu ela no ocidente
Leticia diz:
ahmm
Leticia diz:
tá meninas
Leticia diz:
eu cometi o erro da minha vida
©amila diz:
ã????
Leticia diz:
achei que tinha visto o horário de crimes de autor
Leticia diz:
na pré-estréia
Leticia diz:
cheguei no bourbon assis brasil
Leticia diz:
e não tava passando o filme
©amila diz:
:S
Leticia diz:
aí tive que ver antes só do que mal-casado
Leticia diz:
é
Leticia diz:
:S
©amila diz:
e era bom?
Leticia diz:
:S
Leticia diz:
hahahaha
©amila diz:
eu assisti donos da noite
Leticia diz:
e como era?
©amila diz:
bem bom
Leticia diz:
pois é
Leticia diz:
li uma matéria falando bem do filme hoje na zero
©amila diz:
bem feitinho
©amila diz:
bom, mas esperemos para dicutir um filme as três

(to be continued...)

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Podres Poderes

Cinema, jornalismo, ética(ou falta dela) e política. Uma mistura que pode não dar certo. Mas no filme de Lúcia Murat, Doces Poderes, deu.

O filme protagonizado por Marisa Orth e Antônio Fagundes, conta a história de uma jornalista (Orth) que assume a principal rede de TV do país em Brasília, justamente no período eleitoral. O então diretor está saindo do cargo para assumir a assessoria de um candidato de direita. Assim como ele, muitos jornalistas estão migrando para as assessorias dos candidatos. Ela começa a reestruturar a equipe enquanto tenta manter a postura ética que os jornalistas todos deveriam seguir.

O longa mostra o envolvimento do jornalismo com a política. Mesmo sendo de 96, é totalmente compatível com os dias de hoje, com essa manipulação que a mídia nos faz engolir. Como os meios para se ganhar uma eleição são obscuros e corruptos. Revela também os bastidores das campanhas dos deputados, como os responsáveis por elas lidam com esse trabalho.

Um filme crítico e simples. Sutil na medida, e verdadeiro.

Lúcia Mutrat é a diretora do incrível Quase dois irmãos, com Caco Ciocler, sobre presos políticos e presos normais nas mesmas celas, na época da ditadura. Também fica a dica.

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Se a Deborah Kerr que o Gregory Peck... - Parte 2


Comprovando a velha teoria de que um homem idoso não sobrevive por muito tempo à morte da mulher, morreu no domingo o roteirista Peter Viertel, 68 anos, autor de Uma Aventura na África, de John Houston, que - confesso - eu não vi.


Viertel faleceu apenas três semanas após Deborah Kerr, com quem era casado. Segundo o advogado da família, ele já estava internado quando perdeu a esposa e, apesar de ser uma "fortaleza tremenda", a morte "lhe afetou muito".


Tão triste, tão bonito... Parece até coisa de cinema.


sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Já que é Finados...

Só o fato de o diretor de Morte no Funeral ser Frank Oz, idealizador do Muppet Show e dublador do Mestre Yoda, já é o suficiente para que não haja nenhuma dúvida sobre o nível das gargalhadas que o filme pode arrancar. Mas, ainda assim, o longa surpreende.

A premissa já é boa: o patriarca de uma família morre, e o velório será, obviamente, uma grande reunião de pessoas que não se vêem há certo tempo. Aparece um anão. E ele tem segredos bizarros sobre o papai-exemplo-de-bom-homem. Paralelamente, o namorado de uma das parentas tomou ácido achando que era calmante. E tá foda.

O genial do filme é que, apesar de utilizar elementos mais do que batidos, Frank Oz tem piadas novas e geniais. E recicla as batidas com primor. O anão, em qualquer outra comédia, seria um elemento para risadas fáceis. Mas não, ele não é exaustivamente usado. Apenas compõe, com diversos outros "probleminhas", um quadro patético do quão hipócritas podemos ser às vezes.

O surpreendente é que o humor de Morte no Funeral beira o pastelão. Mas, por algum tipo raro de sensibilidade do diretor, cenas que eu teria ódio de ver em um filme do Jackie Chan me fizeram rolar de rir, como a do tio aleijado no banheiro. De verdade. Olha, eu costumo dar risada de tudo mesmo, mas me fazer rir quase ininterruptamente por duas horas, até sentir dor na barriga e falta de ar... Não, não é pra qualquer um.

PS: a única coisa que incomoda demais é o protagonista, Matthew Macfadyen, que interpreta o filho loser do defunto. Ele, que estava lindo em Orgulho e Preconceito, tem cara de sabonete nesse filme. Brochante.

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Pequeno Pardal




Lindo! Assim pode ser definido Piaf – Um hino ao amor. Filme maravilhosamente estrelado por Marion Cottilard, como Piaf na fase adulta. Cottilard se doa, encarnando a cantora de forma emocionante. Desde o olhar aos trejeitos.

Olivier Dahan conduz a história difícil de Piaf com um roteiro não-linear, mas sem que se possa confundir as fases da vida de Edith, que vai desde a infância pobre e infeliz, até o último show no Olympia, em Paris. Não poupando a passagem por um bordel, quando morou com a avó, dos 3 aos 8 anos, as canções na rua, regadas à alcool, o vício pela morfina e, o não menos trágico, fim do romance com o lutador Marcel Cerdan. Esta cena, um plano sequência incrível, que culmina com ela entrando no palco e cantando L’Hymne à l’Amour. Muito bom. Após a morte de Marcel, o grande amor de Piaf, ela começa a adoecer rapidamente.

A fotografia é bela, escura e sombria (de Testsuo Nagata). Os jogos de luz e de câmera nas cenas de palco engrandecem o filme. Isso sem falar na maquiagem feita em Cottilard, dos 17 anos aos 47, perfeita. A trilha sonora é deslumbrante, como não poderia deixar de ser, e não tão óbvia quanto talvez fosse.


quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Se a Deborah Kerr que o Gregory Peck...

Esse ano tá sendo foda pro cinema. Os ícones resolveram morrer todos. Foi-se o Bergman, depois o Antonioni, depois o Paulo Autran (que era ator principalmente de teatro, mas deu grandes contribuições pra telona, como em Terra em Transe) e agora a Deborah Kerr.

Minha lembrança mais antiga dela vem de uma música da Rita Lee. "Se a Deborah Kerr que o Gregory Peck..." Pra mim, isso seria o suficiente para que ela fosse uma diva do cinema. Teve o nome eternizado em uma música e sua existência é conhecida até mesmo por não-cinéfilos.

Mas, além disso, ela é a protagonista da cena de beijo mais clássica que existe. Quem não se lembra de Deborah e Burt Lancaster rolando na areia, num beijo... ui! de tirar o fôlego? Até mesmo que não viu o filme, até mesmo quem não era nascido.

Deborah foi indicada ao Oscar seis vezes: As Minas do Rei Salomão (1950), Quo Vadis? (1951), Júlio César (1953), Chá e Simpatia (1956), Bom Dia, Tristeza (1958) e A Noite do Iguana (1964). Foi premiada só em 1994, com o prêmio honorário da academia, cujo subtítulo deveria ser: "os, fomos injustos".

Ela morreu na terça-feira, em casa, no condado de Suffolk, aos 86 anos e com Mal de Parkinson. A família só divulgou o fato hoje.

Vídeo-crítica Invasores

A colisão de um ônibus espacial faz com que algo alienígena penetre em seus destroços, sendo que todos que entram em contato mudam de maneira inexplicável. A psiquiatra Carol Bennell (Nicole Kidman) e seu colega Ben Driscoll (Daniel Craig) descobrem que a epidemia alienigena ataca suas vítimas quando elas estão dormindo. A epidemia não altera fisicamente suas vítimas, mas faz com que as pessoas fiquem insensíveis e sem qualquer traço de humanidade. À medida que a epidemia se espalha fica cada vez mais difícil saber quem está infectado. Para sobreviver Carol precisa ficar acordada o maior tempo possível, para que possa encontrar seu filho.

Título Original: The Invasion
Gênero: Ficção Científica
Tempo de Duração: 93 minutos
Ano de Lançamento (EUA): 2007
Direção: Oliver Hirschbiegel
Roteiro: Dave Kajganich, baseado em livro de Jack Finney





Curiosidades*

- É o 1º filme em língua inglesa do diretor Oliver Hirschbiegel - diretor de A Queda - As Últimas Horas de Hitler

- As filmagens ocorreram entre 26 de setembro e 17 de dezembro de 2005.

- Daniel Craig estava em meio às filmagens de Invasores quando foi informado de que fora escolhido como o novo intérprete de James Bond.

- Esta é a 4ª versão do livro de Jack Finney para o cinema. As anteriores foram Invasion of the Body Snatchers (1956), Invasion of the Body Snatchers (1978) e Os Invasores de Corpos - A Invasão Continua (1993).

- Inicialmente Invasores seria lançado nos cinemas dos Estados Unidos em 2006, mas os produtores não aprovaram a versão feita pelo diretor Oliver Hirschbiegel. Com isso os irmãos Andy e Larry Wachowski foram contratados para reescrever o roteiro, com James McTeigue dirigindo novas cenas em janeiro de 2007.

- O orçamento de Invasores foi de US$ 80 milhões.



* informações adorocinema.com

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Adendo Tropa de Elite

Pra quem não sabe, o longa TROPA DE ELITE, de José Padilha, é baseado no livro "Elite da Tropa", o primeiro livro, no Brasil, a mostrar o lado desconhecido do combate diário, nas grandes cidades - o ponto de vista do policial, seus hábitos, medos e desafios... Todos os lugares e pessoas têm nomes fictícios, para que sua identidade fosse preservada. Assinado por uma das maiores autoridades do Brasil em segurança, o antropólogo Luiz Eduardo Soares, e dois policiais, André Batista e Rodrigo Pimentel, este livro revela subterrâneos explosivos de uma cidade partida.


ELITE DA TROPA
André Batista, Rodrigo Pimentel e
Luiz Eduardo Soares
EDITORA OBJETIVA
Número de páginas: 312

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Na mira da polêmica

Se você entrou no cinema sem saber o que esperar, prepare-se para ser confrontado com um alien: um filme de ação brasileiro muito bem produzido e focado no ponto de vista da polícia sobre a ação da própria polícia. E que não se abstém de fazer refletir sobre moral e responsabilidade ao mesmo tempo em que diverte. Sim, é isso que você leu, diverte. Tropa de Elite tem estrutura dramática e ritmo calculados para não deixar escapar a atenção do espectador. Mas um filme que trata das raízes e consequências da violência deveria entreter dessa maneira?

Aqui começa a polêmica. Uma parcela da crítica acredita que não, e o filme do carioca José Padilha foi tachado de fascista. O motivo? Na première do longa-metragem no Festival do Rio, alguns espectadores vibraram nas cenas de tortura perpetradas pelo narrador, o Capitão Nascimento, integrante do Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar (BOPE) do Rio de Janeiro. Interpretado com a ironia que o personagem merece por Wagner Moura, ele acredita que os meios utilizados na seção onde trabalha são os adequados para conter o crime. No entanto, se descontarmos as reações da parte da platéia adepta do mantra "direitos humanos só servem para livrar a cara de bandidos", é possível perceber que a identificação do personagem com um herói não decorre tanto da truculência dos atos, mas da sagacidade de sua metralhadora verbal: julgando-se incorruptível, Nascimento não poupa ninguém na hora de analisar a roda-viva do tráfico de drogas e atribuir responsabilidades.

Só que apesar do discurso rígido, o personagem entra em conflito com a violência que tantas vezes serve de solução no seu cotidiano. Tem crises de stress porque teme não conhecer o filho que está prestes a nascer e, por isso, decide afinal se afastar do BOPE. Para tanto, precisa buscar um substituto entre dois íntegros aspirantes a policiais, o racional Matias (André Ramiro) e o impulsivo Neto (Caio Junqueira).

Não há dúvidas de que elementos como a trilha sonora enérgica e a montagem fragmentada se prestam a representar o mundo através da visão de Nascimento, principalmente em cenas com a em que Matias e Neto se deparam pela primeira vez com a ação dos caveiras (apelido dos militares do BOPE) e as que retratam o treinamento dos candidatos ao batalhão. Talvez por cacoete de documentarista, Padilha parece se eximir de ponderar sobre as atitudes do Capitão, tarefa que fica quase totalmente a cargo do espectador. Quando se trata de uma produção que aborda temas como a corrupção da polícia e alienação, essa ausência de posicionamento aparente do diretor provoca certo estranhamento. Mas qualquer um que esteja disposto a ver no filme uma obra de arte e não um espelho das próprias convicções percebe que o jogo de causas e efeitos em Tropa de Elite não é tão simples e maniqueísta a ponto de que mereça a alcunha de fascista.

O que ocorre é que, em seu segundo longa, o diretor de Ônibus 174 amplia a intensidade da proposta estética do que se convencionou chamar "realismo de favela" (a Gabi certamente pode falar melhor disso do que eu) testada por Fernando Meirelles e Kátia Lund em Cidade de Deus. É uma experiência renovadora, e diferentes camadas da população reagiram, fazendo com que Tropa de Elite batesse recordes tanto de pirataria quanto de bilheteria convencional no cinema nacional. Mesmo estando sujeito a concessões dramáticas como qualquer longa que se proponha a ser um sucesso de público, a necessidade de questionamento que o espectador sente frente à tela não pode ser ignorada. É impossível não pensar sobre os esquemas que permitem a existência do tráfico de drogas e o papel de cada indivíduo frente à violência, que como todas as coisas demasiado humanas acaba fugindo ao controle do Capitão Nascimento, de Matias, de Neto e de todos nós. É a superficialidade no alvo da câmera.

plus

me esqueci de falar do site do filme.
Muito legal.

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Stardust também

Primeiro gostaria de esclarecer que não sei escrever críticas sobre cinema. A Gabi e a Lê exerciam essa função num jornal, portanto elas tem um texto muito melhor que o meu. Mas gostaria de expor minha humilde opinião, ou dar uns toques sobre o que eu gosto ou não dos filmes que assisto.


Diferentemente da Gabi, confesso que não sou muito fã do gênero, poucos filmes desse tipo me tocam, mas, como diz o texto sobre o filme no G1 “'Stardust': Um filme para quem é fã de fantasia; e para quem não é”, adorei o filme.
Um conto que poderia se chamar comédia de fadas, onde estrelas, feiticeiras e príncipes homicidas interagem de forma divertida e emocionante. Muitos personagens e suas missões vão se intercalando com muita ação e magia. Os efeitos especiais estão na medida e os atores brilham. Destacando o surpreendente Capitão Shaekspere (De Niro, responsável por umas das cenas mais hilárias), a feiticeira Lamia, vivida pela Michelle Pfeiffer e a Estrela Yvaine, que Claire Danes encarnou perfeitamente, eu não imagino outra atriz que oferecesse tudo que o papel precisava. Os príncipes, mesmo os mortos, divertidíssimos.
O longa tem um ritmo gostoso, não se percebe os 130 minutos passarem. Na verdade nem se quer perceber. Não dá vontade de que chegue ao fim. Tem um misto de história de amor, de bruxas, de ganância, de amizade, de curiosidade até as últimas conseqüências...Prepare-se para rir muito com a luta de voodoo do príncipe morto. Cômico.
O final é meio previsível, claro, mas não tira em nada a magia (literalmente) do filme.

“O amor é incondicional, mas também é imprevisível”

sábado, 13 de outubro de 2007

A arte do duplo sentido

Suspeita por ser fã de tudo o que é fantástico, aqui estou eu pra encher a bola de Stardust - O Mistério da Estrela. Principalmente pelo fato de eu ter entrado no cinema desconfiada, sem gostar nem um pouco do cartaz e ter saído mais de duas horas depois, atrasada pro trabalho e ainda assim achando uma pena que o filme não tivesse mais alguns minutos.

A sensação ao assistir Stardust é exatamente essa: não dá vontade de ver acabar. E a razão disso tudo é a irreverência com um timing perfeito do diretor Matthew Vaughn (de Nem tudo é o que parece). Talvez seja justamente esse humor mal-comportado que facilite a identificação do espectador com o filme, .

Porque, sinceramente, é fantasia DEMAIS. Claire Danes é uma estrela que caiu sem sofrer nenhum arranhão. Quem comer o coração dela ganha juventude quase eterna. Um coração de uma estrela alegre é o suficiente pra cerca de 400 anos, isso se for dividido em três. E Michelle Pfeifer, ótima, é a bruxa má que vai caçar a pobre da estrelinha.

É claro que ela encontra no caminho um jovem, apaixonado por outra, que quer levá-la de presente pra possível futura namorada. Mas também está claro desde o início que o nhec-nhec vai rolar é a com a estrelinha.

Justamente por isso, é necessário que o diretor brinque com essa maconha toda - pra não virar clichê. Exemplos? A bruxa má, velha caquética, comeu o último pedacinho de coração de estrela pra ficar linda (lembrem-se, é a Michelle Pfeifer). Mas o efeito vai acabando... Em uma cena, ela faz um feitiço e, sério, o peito dela fica caído. Outro: os príncipes herdeiros do trono (claro, tem um trono), quando morrem, ficam perambulando, juntos, até que alguém seja coroado. Mas eles perambulam do jeitinho que morreram. Um deles passa o filme inteiro pelado, porque bateu as botas na banheira.

Tem outros, mas não vou estragar as boas surpresas de quem for ver o filme. Só preciso dizer que o melhor papel é o do Robert DeNiro, que rouba todas as cenas que participa, culminando na do can-can hilário.

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Cinema até em sonho


A Letícia sonhou com um filme. Não um filme já visto, não um filme já feito. Um filme inédito, que veio do subconsciente dela. Um filme completinho, “com início meio e fim”, segundo ela. E bom.


No mesmo dia, o Guffo, namorado da Camelie, sonhou com uma música. Com a música de um filme. E, dormindo, perguntou pra ela “de que filme é essa música?”, umas três vezes.


O Stephen King, em Insônia, desenvolve uma tese paralela ao cerne do livro. Quando sonhamos, saímos de nosso corpo e ficamos presos a ele por uma espécie de fio que seria... digamos... o fio da vida. Pois bem... Nesse passeio, encontramos pessoas conhecidas, desconhecidas e vivemos os mais diversos tipos de experiências. Infelizmente, nos lembramos de uma parcela ínfima delas, e por isso a probabilidade de duas pessoas lembrarem de um encontro noturno é que nula. Mas acontece.


Uma curiosidade interessante sobre o fio, é que, se ele for cortado, a pessoa morre. É assim, inclusive, que as pessoas dormem e não acordam mais. E é por isso também que nunca sonhamos com nossa própria morte. Para isso, o fio teria que ser rompido. E, quando algo toca nosso fio, por instinto, acordamos.


Deve parecer esdrúxulo pelas minhas palavras. Mas o Stephen King é tão convincente que quase é possível acreditar nessa história toda. E é quase impossível esquecer.


O fato é que, de acordo com a tese do escritor, a Letícia estava produzindo um filme na madrugada de sexta pra sábado. E o Guffo passou por ali, ouviu a música e imaginou que a Camelie pudesse saber qual era o nome do filme. E eu, que não tenho mais no que pensar, cheguei a essa conclusão quase sozinha.


Essas somos nós!