sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Pequeno Pardal




Lindo! Assim pode ser definido Piaf – Um hino ao amor. Filme maravilhosamente estrelado por Marion Cottilard, como Piaf na fase adulta. Cottilard se doa, encarnando a cantora de forma emocionante. Desde o olhar aos trejeitos.

Olivier Dahan conduz a história difícil de Piaf com um roteiro não-linear, mas sem que se possa confundir as fases da vida de Edith, que vai desde a infância pobre e infeliz, até o último show no Olympia, em Paris. Não poupando a passagem por um bordel, quando morou com a avó, dos 3 aos 8 anos, as canções na rua, regadas à alcool, o vício pela morfina e, o não menos trágico, fim do romance com o lutador Marcel Cerdan. Esta cena, um plano sequência incrível, que culmina com ela entrando no palco e cantando L’Hymne à l’Amour. Muito bom. Após a morte de Marcel, o grande amor de Piaf, ela começa a adoecer rapidamente.

A fotografia é bela, escura e sombria (de Testsuo Nagata). Os jogos de luz e de câmera nas cenas de palco engrandecem o filme. Isso sem falar na maquiagem feita em Cottilard, dos 17 anos aos 47, perfeita. A trilha sonora é deslumbrante, como não poderia deixar de ser, e não tão óbvia quanto talvez fosse.


quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Se a Deborah Kerr que o Gregory Peck...

Esse ano tá sendo foda pro cinema. Os ícones resolveram morrer todos. Foi-se o Bergman, depois o Antonioni, depois o Paulo Autran (que era ator principalmente de teatro, mas deu grandes contribuições pra telona, como em Terra em Transe) e agora a Deborah Kerr.

Minha lembrança mais antiga dela vem de uma música da Rita Lee. "Se a Deborah Kerr que o Gregory Peck..." Pra mim, isso seria o suficiente para que ela fosse uma diva do cinema. Teve o nome eternizado em uma música e sua existência é conhecida até mesmo por não-cinéfilos.

Mas, além disso, ela é a protagonista da cena de beijo mais clássica que existe. Quem não se lembra de Deborah e Burt Lancaster rolando na areia, num beijo... ui! de tirar o fôlego? Até mesmo que não viu o filme, até mesmo quem não era nascido.

Deborah foi indicada ao Oscar seis vezes: As Minas do Rei Salomão (1950), Quo Vadis? (1951), Júlio César (1953), Chá e Simpatia (1956), Bom Dia, Tristeza (1958) e A Noite do Iguana (1964). Foi premiada só em 1994, com o prêmio honorário da academia, cujo subtítulo deveria ser: "os, fomos injustos".

Ela morreu na terça-feira, em casa, no condado de Suffolk, aos 86 anos e com Mal de Parkinson. A família só divulgou o fato hoje.

Vídeo-crítica Invasores

A colisão de um ônibus espacial faz com que algo alienígena penetre em seus destroços, sendo que todos que entram em contato mudam de maneira inexplicável. A psiquiatra Carol Bennell (Nicole Kidman) e seu colega Ben Driscoll (Daniel Craig) descobrem que a epidemia alienigena ataca suas vítimas quando elas estão dormindo. A epidemia não altera fisicamente suas vítimas, mas faz com que as pessoas fiquem insensíveis e sem qualquer traço de humanidade. À medida que a epidemia se espalha fica cada vez mais difícil saber quem está infectado. Para sobreviver Carol precisa ficar acordada o maior tempo possível, para que possa encontrar seu filho.

Título Original: The Invasion
Gênero: Ficção Científica
Tempo de Duração: 93 minutos
Ano de Lançamento (EUA): 2007
Direção: Oliver Hirschbiegel
Roteiro: Dave Kajganich, baseado em livro de Jack Finney





Curiosidades*

- É o 1º filme em língua inglesa do diretor Oliver Hirschbiegel - diretor de A Queda - As Últimas Horas de Hitler

- As filmagens ocorreram entre 26 de setembro e 17 de dezembro de 2005.

- Daniel Craig estava em meio às filmagens de Invasores quando foi informado de que fora escolhido como o novo intérprete de James Bond.

- Esta é a 4ª versão do livro de Jack Finney para o cinema. As anteriores foram Invasion of the Body Snatchers (1956), Invasion of the Body Snatchers (1978) e Os Invasores de Corpos - A Invasão Continua (1993).

- Inicialmente Invasores seria lançado nos cinemas dos Estados Unidos em 2006, mas os produtores não aprovaram a versão feita pelo diretor Oliver Hirschbiegel. Com isso os irmãos Andy e Larry Wachowski foram contratados para reescrever o roteiro, com James McTeigue dirigindo novas cenas em janeiro de 2007.

- O orçamento de Invasores foi de US$ 80 milhões.



* informações adorocinema.com

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Adendo Tropa de Elite

Pra quem não sabe, o longa TROPA DE ELITE, de José Padilha, é baseado no livro "Elite da Tropa", o primeiro livro, no Brasil, a mostrar o lado desconhecido do combate diário, nas grandes cidades - o ponto de vista do policial, seus hábitos, medos e desafios... Todos os lugares e pessoas têm nomes fictícios, para que sua identidade fosse preservada. Assinado por uma das maiores autoridades do Brasil em segurança, o antropólogo Luiz Eduardo Soares, e dois policiais, André Batista e Rodrigo Pimentel, este livro revela subterrâneos explosivos de uma cidade partida.


ELITE DA TROPA
André Batista, Rodrigo Pimentel e
Luiz Eduardo Soares
EDITORA OBJETIVA
Número de páginas: 312

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Na mira da polêmica

Se você entrou no cinema sem saber o que esperar, prepare-se para ser confrontado com um alien: um filme de ação brasileiro muito bem produzido e focado no ponto de vista da polícia sobre a ação da própria polícia. E que não se abstém de fazer refletir sobre moral e responsabilidade ao mesmo tempo em que diverte. Sim, é isso que você leu, diverte. Tropa de Elite tem estrutura dramática e ritmo calculados para não deixar escapar a atenção do espectador. Mas um filme que trata das raízes e consequências da violência deveria entreter dessa maneira?

Aqui começa a polêmica. Uma parcela da crítica acredita que não, e o filme do carioca José Padilha foi tachado de fascista. O motivo? Na première do longa-metragem no Festival do Rio, alguns espectadores vibraram nas cenas de tortura perpetradas pelo narrador, o Capitão Nascimento, integrante do Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar (BOPE) do Rio de Janeiro. Interpretado com a ironia que o personagem merece por Wagner Moura, ele acredita que os meios utilizados na seção onde trabalha são os adequados para conter o crime. No entanto, se descontarmos as reações da parte da platéia adepta do mantra "direitos humanos só servem para livrar a cara de bandidos", é possível perceber que a identificação do personagem com um herói não decorre tanto da truculência dos atos, mas da sagacidade de sua metralhadora verbal: julgando-se incorruptível, Nascimento não poupa ninguém na hora de analisar a roda-viva do tráfico de drogas e atribuir responsabilidades.

Só que apesar do discurso rígido, o personagem entra em conflito com a violência que tantas vezes serve de solução no seu cotidiano. Tem crises de stress porque teme não conhecer o filho que está prestes a nascer e, por isso, decide afinal se afastar do BOPE. Para tanto, precisa buscar um substituto entre dois íntegros aspirantes a policiais, o racional Matias (André Ramiro) e o impulsivo Neto (Caio Junqueira).

Não há dúvidas de que elementos como a trilha sonora enérgica e a montagem fragmentada se prestam a representar o mundo através da visão de Nascimento, principalmente em cenas com a em que Matias e Neto se deparam pela primeira vez com a ação dos caveiras (apelido dos militares do BOPE) e as que retratam o treinamento dos candidatos ao batalhão. Talvez por cacoete de documentarista, Padilha parece se eximir de ponderar sobre as atitudes do Capitão, tarefa que fica quase totalmente a cargo do espectador. Quando se trata de uma produção que aborda temas como a corrupção da polícia e alienação, essa ausência de posicionamento aparente do diretor provoca certo estranhamento. Mas qualquer um que esteja disposto a ver no filme uma obra de arte e não um espelho das próprias convicções percebe que o jogo de causas e efeitos em Tropa de Elite não é tão simples e maniqueísta a ponto de que mereça a alcunha de fascista.

O que ocorre é que, em seu segundo longa, o diretor de Ônibus 174 amplia a intensidade da proposta estética do que se convencionou chamar "realismo de favela" (a Gabi certamente pode falar melhor disso do que eu) testada por Fernando Meirelles e Kátia Lund em Cidade de Deus. É uma experiência renovadora, e diferentes camadas da população reagiram, fazendo com que Tropa de Elite batesse recordes tanto de pirataria quanto de bilheteria convencional no cinema nacional. Mesmo estando sujeito a concessões dramáticas como qualquer longa que se proponha a ser um sucesso de público, a necessidade de questionamento que o espectador sente frente à tela não pode ser ignorada. É impossível não pensar sobre os esquemas que permitem a existência do tráfico de drogas e o papel de cada indivíduo frente à violência, que como todas as coisas demasiado humanas acaba fugindo ao controle do Capitão Nascimento, de Matias, de Neto e de todos nós. É a superficialidade no alvo da câmera.

plus

me esqueci de falar do site do filme.
Muito legal.

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Stardust também

Primeiro gostaria de esclarecer que não sei escrever críticas sobre cinema. A Gabi e a Lê exerciam essa função num jornal, portanto elas tem um texto muito melhor que o meu. Mas gostaria de expor minha humilde opinião, ou dar uns toques sobre o que eu gosto ou não dos filmes que assisto.


Diferentemente da Gabi, confesso que não sou muito fã do gênero, poucos filmes desse tipo me tocam, mas, como diz o texto sobre o filme no G1 “'Stardust': Um filme para quem é fã de fantasia; e para quem não é”, adorei o filme.
Um conto que poderia se chamar comédia de fadas, onde estrelas, feiticeiras e príncipes homicidas interagem de forma divertida e emocionante. Muitos personagens e suas missões vão se intercalando com muita ação e magia. Os efeitos especiais estão na medida e os atores brilham. Destacando o surpreendente Capitão Shaekspere (De Niro, responsável por umas das cenas mais hilárias), a feiticeira Lamia, vivida pela Michelle Pfeiffer e a Estrela Yvaine, que Claire Danes encarnou perfeitamente, eu não imagino outra atriz que oferecesse tudo que o papel precisava. Os príncipes, mesmo os mortos, divertidíssimos.
O longa tem um ritmo gostoso, não se percebe os 130 minutos passarem. Na verdade nem se quer perceber. Não dá vontade de que chegue ao fim. Tem um misto de história de amor, de bruxas, de ganância, de amizade, de curiosidade até as últimas conseqüências...Prepare-se para rir muito com a luta de voodoo do príncipe morto. Cômico.
O final é meio previsível, claro, mas não tira em nada a magia (literalmente) do filme.

“O amor é incondicional, mas também é imprevisível”

sábado, 13 de outubro de 2007

A arte do duplo sentido

Suspeita por ser fã de tudo o que é fantástico, aqui estou eu pra encher a bola de Stardust - O Mistério da Estrela. Principalmente pelo fato de eu ter entrado no cinema desconfiada, sem gostar nem um pouco do cartaz e ter saído mais de duas horas depois, atrasada pro trabalho e ainda assim achando uma pena que o filme não tivesse mais alguns minutos.

A sensação ao assistir Stardust é exatamente essa: não dá vontade de ver acabar. E a razão disso tudo é a irreverência com um timing perfeito do diretor Matthew Vaughn (de Nem tudo é o que parece). Talvez seja justamente esse humor mal-comportado que facilite a identificação do espectador com o filme, .

Porque, sinceramente, é fantasia DEMAIS. Claire Danes é uma estrela que caiu sem sofrer nenhum arranhão. Quem comer o coração dela ganha juventude quase eterna. Um coração de uma estrela alegre é o suficiente pra cerca de 400 anos, isso se for dividido em três. E Michelle Pfeifer, ótima, é a bruxa má que vai caçar a pobre da estrelinha.

É claro que ela encontra no caminho um jovem, apaixonado por outra, que quer levá-la de presente pra possível futura namorada. Mas também está claro desde o início que o nhec-nhec vai rolar é a com a estrelinha.

Justamente por isso, é necessário que o diretor brinque com essa maconha toda - pra não virar clichê. Exemplos? A bruxa má, velha caquética, comeu o último pedacinho de coração de estrela pra ficar linda (lembrem-se, é a Michelle Pfeifer). Mas o efeito vai acabando... Em uma cena, ela faz um feitiço e, sério, o peito dela fica caído. Outro: os príncipes herdeiros do trono (claro, tem um trono), quando morrem, ficam perambulando, juntos, até que alguém seja coroado. Mas eles perambulam do jeitinho que morreram. Um deles passa o filme inteiro pelado, porque bateu as botas na banheira.

Tem outros, mas não vou estragar as boas surpresas de quem for ver o filme. Só preciso dizer que o melhor papel é o do Robert DeNiro, que rouba todas as cenas que participa, culminando na do can-can hilário.

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Cinema até em sonho


A Letícia sonhou com um filme. Não um filme já visto, não um filme já feito. Um filme inédito, que veio do subconsciente dela. Um filme completinho, “com início meio e fim”, segundo ela. E bom.


No mesmo dia, o Guffo, namorado da Camelie, sonhou com uma música. Com a música de um filme. E, dormindo, perguntou pra ela “de que filme é essa música?”, umas três vezes.


O Stephen King, em Insônia, desenvolve uma tese paralela ao cerne do livro. Quando sonhamos, saímos de nosso corpo e ficamos presos a ele por uma espécie de fio que seria... digamos... o fio da vida. Pois bem... Nesse passeio, encontramos pessoas conhecidas, desconhecidas e vivemos os mais diversos tipos de experiências. Infelizmente, nos lembramos de uma parcela ínfima delas, e por isso a probabilidade de duas pessoas lembrarem de um encontro noturno é que nula. Mas acontece.


Uma curiosidade interessante sobre o fio, é que, se ele for cortado, a pessoa morre. É assim, inclusive, que as pessoas dormem e não acordam mais. E é por isso também que nunca sonhamos com nossa própria morte. Para isso, o fio teria que ser rompido. E, quando algo toca nosso fio, por instinto, acordamos.


Deve parecer esdrúxulo pelas minhas palavras. Mas o Stephen King é tão convincente que quase é possível acreditar nessa história toda. E é quase impossível esquecer.


O fato é que, de acordo com a tese do escritor, a Letícia estava produzindo um filme na madrugada de sexta pra sábado. E o Guffo passou por ali, ouviu a música e imaginou que a Camelie pudesse saber qual era o nome do filme. E eu, que não tenho mais no que pensar, cheguei a essa conclusão quase sozinha.


Essas somos nós!