segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Paranóia de Van Sant


Muito bom o Paranoid Park do Gus Van Sant. Mesmo clima do Elephant: cenas longas, câmeras “na mão” poucos diálogos. Um protagonista quase inexpressivo que é ótimo, cercado pelas suas crises de adolescente, que se vê diante de uma morte assustadora. Mas Gus Van Sant não cria um filme sobre um crime, traz à tona esses tormentos da idade, tentando entrar na cabeça desses personagens. Um filme sem final, sem culpados, sem bons, nem maus, sem lição de moral. Apenas retrata os adolescentes que tem os pais como pessoas total, ou quase, totalmente ausentes das vidas. Que não sabem exatamente o que querem, o que gostam, o que buscam. Buscam um nada. Tudo isso embalado por uma trilha sonora maravilhosa.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Estréia

Hoje estréia o filme O Caçador de Pipas, do diretor Marc Froster, inspirado no best seller, de mesmo nome, do autor afegão Khaled Hosseini.
O filme é extremamente pesado e triste. Dá vontade de chorar várias vezes. (ok, estamos num período meio conturbado, mas mesmo assim é triste) – e dizem que o livro é mais ainda!!!
A direção de arte e a fotografia são impecáveis, com destaque para o figurino. As locações são ótimas também. O elenco é tocante. O personagem de Amir, quando adulto, passa muita mensagem só com o olhar. As cenas das pipas são bacanas e a mistura do inglês com o dari (uma das duas principais línguas do Afeganistão) dá um toque diferente.
A qualidade da direção é compatível com os outros dele que assisti e gostei muito: Mais estranho que a ficção e Em busca da Terra do Nunca.
Quanto ao roteiro, fugindo da comparação com o livro – até porque eu não li – e entendendo que são mídias totalmente diferentes e impossíveis de fazer comparação, acho que foi bem feito. Contou a história de maneira tocante. Apesar de achar que o final ficou meio “amontoado”. Tipo, muitos acontecimentos apressados pra explicar o final. Não sei se foi só uma sensação, mas parece que o filme anda mais lento e no fim acelera.
Pra mim ficou uma pergunta: Será que há um jeito de ser bom de novo? – essa frase é dita para Amir, quando ele tem que tomar uma decisão importante. O longa fala de culpa, covardia, amizade, arrependimento, cura, perdão, entrega. Tudo isso num cenário de guerra e conflito, num Afeganistão antes e depois dos Talibãs.

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Muso



Post em homenagem ao meu muso que ganhou o Globo de Ouro de Melhor Ator de Musical e/ou Comédia.

Lov u, Johnny!

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Sobre referências cinematográficas

Só ontem entendi finalmente porque Elsa & Fred ficou meses em cartaz em Porto Alegre, mesmo depois de ter sido lançado inclusive em DVD, com as salas lotadas sempre. Um filme que faz uma homenagem tão singela a La Dolce Vita, de Fellini, não poderia receber um retorno menor dos freqüentadores do Guion. Justo.

Apesar de Elsa & Fred não estar mais no cinema, não ser nenhuma raridade cinematográfica e de eu não ter feito alguma descoberta bombástica, precisava fazer esse comentário.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Arquivo X do cinema? Parte 2



Bom, a Gabi lançou um desafio: descobrir a ligação do Rouge com os outros da Trilogia das Cores. Ok, achei. Mas acho que não posso ficar com o mérito todo da coisa, visto que eu assisti aos filmes na seqüência mais certa (Bleu-Blanc-Rouge)e prestando muita atenção para os detalhes.

Mas o fato é que tem uma cena comum nos três: uma senhora extremamente encurvada que se esforça para colocar uma garrafa num coletor de vidro. Em cada filme a cena é vista de um ângulo. No Blanc, o Karol Karol (personagem principal) é levado para a Polônia dentro de uma mala. Essa mala é roubada na chagada, junto com outras. No Rouge, o Michel (aparente namorado da Valentine) conta que as malas foram roubadas na Polônia. E, o final tem a maior ligação entre os três. Há um acidente de balsa e é televisionado. Neste acidente estão os personagens principais dos três filmes.

Tcharam! Hehe
Bom, reitero que, se tivesse assistido aos filmes com um espaço de tempo maior e sem essa ordem não teria notado, provavelmente. Mas consegui cumprir a tarefa! Hahaha.

Agora, falando dos filmes! Wow! Krzysztof Kieslowski arrasa. Dá vontade de fazer um filme até. Ótimos.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Quero só ver o Oscar...

E não é que os roteiristas em greve conseguiram cancelar a cerimônia do Globo de Ouro? Depois de arrumarem encrenca com o Brad Pitt e aparecerem em muitas fotos na galeria 24 Horas do Terra, agora o Sindicato dos Roteiristas conseguiu fazer com que a divulgação dos vencedores do prêmio que normalmente serve de prévia para o Oscar seja feita em uma coletiva de imprensa.

Tudo isso porque os atores resolveram apoiar os escritores e boicotar a cerimônia. Quer saber? Eu gostei. Adoro um bafão!

Quero ver como vai ser o Oscar. Dizem que costuma seguir os passos do Globo de Ouro...

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Bússola


Fui assistir A Bússola de Ouro, achando que seria tipo o Stardust, mas nem perto.
Sei lá, diz que é meio Harry Potter – que não curto muito. Legalzinho o lance dos dimons e a Nicole ta ótima, mas não me passou nenhuma emoção e achei aquele urso mega chato. Eu adoro o outro filme do diretor: “O grande garoto”. Na verdade eu adoro o livro do Nick Hornby, mas o filme é bem bom também. Mas a direção não é ruim. Acho que só o filme não é nada demais mesmo.
Abaixo algumas curiosidades que peguei no Adorocinema.


- Em dezembro de 2004 o diretor Chris Weitz desistiu de trabalhar em A Bússola de Ouro, declarando estar intimidado com os desafios técnicos do filme. (Ó)

- Em agosto de 2005 Anand Tucker foi contratado como o novo diretor, definindo que o foco central seria a busca de Lyra por seu auto-conhecimento e sua família. Porém em maio de 2006 ele também desistiu do filme, alegando diferenças criativas com a New Line Cinema. (ixi)

- Após a saída de Anand Tucker, Chris Weitz foi recontratado para dirigir A Bússola de Ouro. (¬¬)

- Dez mil crianças fizeram testes em Cambridge, Oxford, Exeter e Kendal para a personagem Lyra Belacqua. Em junho de 2006 Dakota Blue Richards foi escolhida. (bem fraquinha)

- Este é o 2º filme em que Nicole Kidman e Daniel Craig atuam juntos. O anterior foi Invasores (2007). (Blé)

- Este é o 2º filme em que Daniel Craig e Eva Green atuam juntos. O anterior foi 007 - Cassino Royale (2006). (Num vi)

- Algumas cenas foram rodadas em locações na Escandinávia, apesar de nenhum ator ter sido autorizado a rodar cenas no local. O motivo foi para não expô-los a temperaturas extremas. (Bah)

- Cerca de 600 roupas foram confeccionadas para o figurino de A Bússola de Ouro. (Cruzes)

- Uma prévia de 10 minutos do filme foi exibida ao público no Festival de Cannes de 2007. (sono)

- O orçamento de A Bússola de Ouro foi de US$ 150 milhões. (wow)

domingo, 6 de janeiro de 2008

O amor...



Acabei de ler o livro que comecei no dia que vi o filme. O amor nos tempos de cólera.
O filme não é bom. O roteirista se esforçou, mas não conseguiu. Apesar de colocar coisas importantes e relevantes do livro no filme, mas mudou um pouco a personalidade dos personagens principais. Não que tenha, obrigatoriamente que ser fiel, mas altera um pouco o sentido do romance. Tu não sentes a intensidade do amor de Florentino Ariza por Firmina Daza que o Gabriel colocou no livro. É um amor diferente, e essa é a chave da história. Além de muitas cenas cômicas totalmente sem propósito. A direção é fraquíssima! Já tinha assistido a um filme do Mike Newell: O homem da máscara de ferro. E também é fraco.
Ainda tem a escolha dos atores. Péssima. O pai da Firmina parecia irmão dela (de onde uma pessoa acredita que o John Leguizamo poderia ser pai de uma italiana???). Italiana essa totalmente inexpressiva no seu papel de protagonista. Todos estrangeiros falando um inglês carregado de sotaque. A Fernanda Montenegro tá ótima. E muito do que te faz ficar no cinema é o Javier Bardem.
Trilha sonora com Shakira. Clichê: cantora colombiana para a adaptação de um livro de um autor colombiano! Mas não combina. Ela é pop.
Mas o pior, no meu ponto de vista, foi a maquiagem. Já na primeira cena percebe-se. Firmina Daza ganha 53 anos e apenas uns “pés-de-galinha”. Pra mim isso é muito importante. A caracterização é fundamental.
Tenho que confessar que não me cansou os 141 minutos de filme. Não quis sair nem cochilei. Ponto pra ele.
Ma, enfim, acho que o Gabriel se arrependeu...

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

You say you want a revolution...


Se você ainda não viu Across the universe e, como eu, não é um exímio conhecedor da discografia dos rapazes de Liverpool, vá ao cinema ao lado de um beatlemaníaco. A experiência é divertida, não só porque a sua companhia vai encontrar todas as citações aos títulos ou trechos de músicas que aparecem nos diálogos, mas também porque vai ajudar a julgar com conhecimento de causa os números musicais inspirados nas canções dos Fab Four e opinar sobre outras referências que a diretora norte-americana Julie Taymor deixou passar nos nada cansativos 130 minutos do filme.

Agora, se você não gosta ou conhece muito pouco da trajetória dos Beatles, é melhor passar longe, mesmo que seja um apreciador de musicais. A história não tem nada de especial: garoto inglês (Jude) vai procurar o pai nos Estados Unidos, conhece garota americana (Lucy) e se apaixona. Os dois iniciam um romance em meio ao clima de revolução política e cultural da Nova York dos anos 60. Os sucessos da banda ajudam a contar a história, ainda que boa parte das versões – na sua maioria interpretadas pelos atores – não chegue aos pés dos originais. Isso é perdoável? Sim, porque o propósito de Across the universe não parece ser o de melhorar clássicos como Helter skelter ou All you need is love, mas sim de transferir para o cinema o melhor que a música pop tem a oferecer: a capacidade de traduzir em letra e música sentimentos que parecem únicos – aquela sensação de “oh, isso foi escrito pra mim” – mas que na verdade todo mundo já experimentou.

É por isso que a graça do filme está em reconhecer e cantar junto com a trilha sonora. E prepare-se: a platéia faz isso mesmo. Mas Across the universe é mais do que um apelo ao repertório afetivo do público. A diretora Julie Taymor (de Frida) não abre mão da ousadia, mesmo sob o risco de aborrecer fãs xiitas. Os melhores momentos do filme acontecem quando canções como Strawberry fields forever e I want you ganham um novo sentido a partir de representações visuais estilo videoclipe ou coreografias no limite da naturalidade de Daniel Ezralow, refletindo a angústia dos personagens frente a Guerra do Vietnã. Apesar de menos surpreendentes, os números musicais românticos também rendem bons momentos, como em It won’t be long e While my guitar gently weeps.

O que enfraquece o longa-metragem é o desempenho mediano do casal de protagonistas – Evan Rachel Wood, de Aos treze, e Jim Sturgess, ator relativamente conhecido da TV britânica. Embora afinados, os dois são ofuscados pela energia de coadjuvantes como Joe Andersen (Max) e T.V Carpio (Prudence). Algumas participações especiais também merecem destaque pelo toque de personalidade que dão às músicas originais. Joe Cocker, como um cafetão, torna mais bluesy Come together. Bono, na pele do Dr. Roberts, faz graça consigo mesmo em I’m the walrus. Mas o melhor é um cara chamado Martin Luther McCoy (!), no papel de um guitarrista que, como diriam Lennon e McCartney, "was a man who thought he was a loner, but he knew it wouldn’t last"... É por referências como essa que saí do cinema e – alertada pelo fã do primeiro parágrafo – fui para casa para mais uma dose de Beatles, na TV, com Help! Constatação: apesar do roteiro bobinho, nada bate o original de Liverpool.